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Jardim Montanhês

Até os anos 60, o Jardim Montanhês era um pequeno bairro da periferia de Belo Horizonte, habitado por gente simples e de baixo poder aquisitivo e, talvez por isso, não contava com investimentos básicos do poder público como escola, posto de saúde, transporte público, ruas abertas, água encanada e esgoto, tinha apenas a energia elétrica da Companhia Força e Luz de Minas Gerais. O bairro nasceu a partir de uma pequena comunidade denominada Villa Minas Gerais, encostada no Aeroporto Carlos Prates, e não possuía nem mesmo uma escola de primeiro grau. As crianças estudavam no Grupo Escolar Professor Morais e no Sarah Kubitscheck, ambos no bairro vizinho Celeste Império, ou mesmo no Grupo Escolar Padre Eustáquio, que ficava ao lado da Igreja dos Sagrados Corações.

 Mesmo com toda a falta de infraestrutura educacional, a educação já era um valor daquela comunidade formada por pessoas que vieram das cidades do interior mineiro para trabalhar na construção da capital, nos anos 30. A maioria das crianças, com seus surrados e desbotados uniformes, cruzava o campo de aviação descalça para frequentar as aulas no Professor Morais. Era uma boa escola, dirigida pela competente diretora Dona Ofélia, uma senhora de óculos de grossas lentes, enérgica, disciplinadora e carinhosa. O Professor Morais destacava-se pela limpeza, pela organização e pela qualidade de ensino que oferecia aos seus alunos. Contava com uma boa biblioteca e uma professora de música, que ensinava a cantar e a tocar instrumentos de percussão. Ensinava peças do folclore brasileiro, a base do repertório da "bandinha" da escola, que se apresentava em ocasiões especiais. Às segundas-feiras, antes das aulas, havia a hora cívica em que todos os alunos ficavam de pé no pátio, cantando o Hino Nacional enquanto a bandeira era hasteada. Por inúmeras vezes, a banda de música da Polícia Militar ou do Corpo de Bombeiros se fazia presente com os seus dobrados. Outras vezes, filmes educativos eram projetados, ensinando as crianças a escovar os dentes e a aprender a andar nas ruas do centro, respeitando os sinais de trânsito. O esporte comum a meninas e meninos era a "queimada", praticada no pátio. O Grupo Professor Morais também tinha um belo jardim com roseiras - ao lado das salas da parte de cima - que dava para a rua Cornélio Cerqueira.
Já a escola Sarah Kubitscheck, que ficava ao lado do Grupo Escolar Professor Morais, era improvisada, construída de madeira e diziam que a qualidade do ensino não era boa, além de não contar com nenhum conforto para os alunos.

Morava no bairro a professora Dona Eni Esteves Pamplona, que foi a primeira diretora da primeira escola do bairro, conhecida por "Escolinha", atual Grupo Escolar Eliseu Laborne Vale. Dona Eni, além de ótima professora, era extremamente zelosa com as crianças do bairro. Talvez por não ter tido filhos, ela ajudava as crianças que apresentavam dificuldades na escola e orientava as mães para que exigissem dos filhos a seriedade com os estudos. Curiosos eram os seus métodos de ensino dos quais, certamente, muitos ainda se lembram. Por exemplo, quando ensinava operações com frações, ela cantava assim: "divide pelo de baixo, multiplica pelo de cima"... E, repetindo o refrão, fazia com que seus alunos aprendessem.

 

 

Padre Henrique em celebração na Escolinha


Aqueles que concluíam o primeiro grau e procuravam seguir com os estudos tinham que fazê-lo em outro bairro ou nos colégios do centro da cidade. Até os anos 70, os cursos que mais atraíam os jovens eram o Magistério, oferecido pelo Instituto de Educação ao público feminino, e os cursos de Contabilidade, o Clássico, que já se encontrava em extinção, e o Científico, que ganhava espaço principalmente para quem pretendia cursar universidade ou a Escola Técnica de Minas Gerais, atual Cefet. Também estava em franca expansão os cursos de Madureza, atual supletivo, para aqueles que perderam a idade ideal de frequentar os bancos escolares.


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