Os circos e parques de diversão do Jardim Montanhês da nossa infância

Data 23/08/2012 12:19:56 | Tóopico: Crônicas

O outro lado do córrego (futura Avenida D. Pedro II), na diversão da então Rua Morro das Graças (hoje Estevão de Oliveira) era, e continua sendo, um beco.
Na esquina desse beco com a Rua Alípio de Melo, havia um lote baldio que confrontava com os fundos do terreiro do Sr. Antônio ‘Bacalhau’. Por esse lote, passaram vários circos e parques de diversão e, em função disso, aconteceram muitos acidentes nos parques, encontros e desencontros amorosos e alguma briga motivada pela possessividade e o ciúme incontrolável de algumas pessoas que se achavam insuportáveis.
Foi num desses parques que tivemos nosso contato com o cinema, quando, em uma tela improvisada, eram projetadas cenas dos filmes ‘O gordo e o Magro’ e filmes do Carlitos (cinema mudo, mas muito engraçado e comovente). Quase todos, além dos brinquedos tradicionais, tinham coisas que nos chamavam atenção: eram as barracas de ‘tiro-ao-alvo’, com espingarda de ar comprimido, que atiravam rolas de cortiça e outras com as quais atiramos bolas de meia em pilhas de latas (eram três bolas para derrubar nove latas). O prêmio, bem ‘mixuruco’, era entregue a quem conseguisse a façanha relativamente difícil.
Na própria Rua Alípio de Melo, 50 metros adiante, noutro lote vago, este ao lado da venda de seu Zé mata-vaca, aconteceu de ser instalado, em várias ocasiões, o circo do ‘Pachequinho’, o único quadrado - talvez em todo o mundo. Bem mais resumido, não tinha trapézio nem animais. Em compensação, era dada a oportunidade a quem quisesse participar cantando, dançando ou representando.
Quando algum circo chegava ao bairro, seu anúncio era feito pelos próprios artistas, rua a rua, usando megafones, palhaços em enormes pernas-de-pau e malabaristas, com os tradicionais dizeres: “Hoje tem goiabada? Tem sim senhor; hoje tem marmelada? Tem sim senhor; às oito horas da noite? É sim senhor; e o palhaço o que é? Ladrão de mulher!”
Era tudo encantador, principalmente os trapezistas e os mágicos, que induziam o público aos aplausos. Não havia homem-bala, nem globo da morte. Imperava a criatividade infinita e espontânea dos palhaços. Era só alegria...
Esse cenário foi junto dos demais, marcante na nossa infância e no passado do Jardim Montanhês, portanto, mais uma peça que compõe a memória, certamente repleta de saudades.

Francisco Lutkenhaus, 21 de dezembro de 2004 


Este artigo veio de Museu Jardim Montanhês
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